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Missão em Timor

Durante 3 anos estarei a fazer uma missão em Timor, pela Ordem dos frades menores capuchinhos, e neste blog tenciono contar todas as minhas aventuras e a percepção que vou tendo dos acontecimentos, tudo de uma forma peculiar que só eu sei viver :D


Domingo, 29.09.13

Quem sou eu?

Olá amiguinhos! Hoje o blog comemora o seu primeiro aniversário e como tal decidi fazer uma pausa na narração da minha aventura para me apresentar. Apesar de não ter uma noção certa de quantas pessoas leem o blog e quem são essas pessoas, pelo menos tenho a certeza que nem todos me conhecem, por isso, nesta publicação decidi fazer uma pequena autobiografia e revelar segredos que nem a minha mãe sabia a meu respeito, a começar pelo meu local de nascimento {#emotions_dlg.blink}

Eu nasci em Marrocos, na cidade capital, Rabbat. Para vos ajudar a situar, podemos dizer que Rabbat está para Marrocos como o Porto está para Portugal, ou seja, é a cidade mais importante desse país. {#emotions_dlg.lol} Quando era pequeno vim para Portugal para tentar expandir o meu negócio de venda de camelos no novo deserto que o Sócrates descobriu, a Margem Sul, mas não resultou. A concorrência era muita, já havia uma instância de venda e aluguer de camelos lá para os lados do Largo do Rato, chamada Assembleia da República, melhores camelos que aqueles eu não conseguiria arranjar... (sem querer ofender ninguém , claro)...

 Venho de uma família pobre, tão pobre que a minha mãe me deu à luz no chão do hospital só para não ter de pagar a cama, as enfermeiras eram reformadas a fazer voluntariado e o material do parto era emprestado da mulher da cama ao lado. Eu era tão pobre que na escola a professora não me mandava trabalhos para casa, mandava trabalhos para debaixo da ponte ou para a beira do passeio… Tive uma infância difícil, uma vez comi cotão a pensar que era algodão doce de chocolate. O meu físico nunca me ajudou grande coisa, sou tão magro que no estudo do corpo humano, em ciências, a professora, não tendo uma maqueta do corpo humano, analisava todos os ossos através de mim. O meu bairro era tão pobre que nem tinha campo de futebol, jogávamos numa avenida e o resultado era sempre o mesmo, 3 atropelamentos e uma estadia grátis no hotel Hospital S. João. Como não tínhamos balizas, os meus colegas aproveitavam o facto de eu ser alto e magro para fazer de poste. Houve uma altura em que já não sabia se era preto ou se estava era todo pisado… No final descobri que era as duas coisas… Gostava tanto das aulas que chegava sempre atrasado, a única vez que cheguei primeiro que o professor, ele pôs-se de joelhos a gritar “aleluia, finalmente as minhas preces foram ouvidas, milagres existem”, abriu uma garrafa de champagne, lançou confettis e depois foi a Fátima a pé... A minha escola era tão pobre que, no final dos exames, em vez de dar notas aos alunos dava moedas e algumas vezes até ficava a dever. Na altura em que era estudante houve grande discussão por causa do racismo, então para a minha escola não ser acusada de ser racista, em vez de o professor escrever os exercícios no quadro preto, escrevia num quadro da Benetton... Como os meus estudos numa escola diurna falharam, o meu psicólogo aconselhou-me a estudar de noite e assim o fiz, comecei a estudar as galerias do Porto, as noites da Ribeira, a noite lisboeta… Neste momento estou a explorar outras opções de estudo nocturno, tais como o October fest, a noite em Amesterdão entre outras…

Como podem ver, a minha infância não foi das melhores, mas valeu a pena. Hoje em dia, quando estou no meu bairro, os rapazes já não me pedem para ser poste de baliza, mas para fazer de cesto de basquete, é o que dá medir quase 3 metros…

Como vocês sabem agora estou em Timor e já me chamam de Indiana Kill Bill Jones, uma mistura de Indiana Jones com Kill Bill. Indiana Jones, porque ando sempre armado com duas catanas e kill Bill, porque ontem, enquanto tratava das minhas bananeiras apareceu-me uma cobra que me disse: “I’m Bill” eu respondi: “I’m Kill Bill” pego na catana e zás, cabeça para um lado e corpo para o outro… Peço desculpa aos mais sensíveis, mas teve de ser, ou ela ou eu, e elas são muito venenosas mesmo…

Eu, no meu dia-a-dia em Timor-Leste...

a cobra Bill que eu Kill Bill...

Espero que tenham gostado de me conhecer um pouco melhor {#emotions_dlg.happy}

Paz e bem amiguinhos! Estaremos juntos na oração e no coração {#emotions_dlg.heart}

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por missao em timor às 04:11


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