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Durante 3 anos estarei a fazer uma missão em Timor, pela Ordem dos frades menores capuchinhos, e neste blog tenciono contar todas as minhas aventuras e a percepção que vou tendo dos acontecimentos, tudo de uma forma peculiar que só eu sei viver :D
Olá amiguinhos! Estou de volta. Os dois meses de silêncio não se deveram a férias, quem me dera, foi mesmo devido ao excesso de actividades e também aos cortes de electricidade que aconteciam precisamente quando tinha uma tarde livre.
Após eu ter encharcado as noviças das irmãs Concepcionistas e as ter picado todas durante as limpezas do local onde se irá realizar o curso de catequese, na última semana de Julho, chegou um dia muito esperado na fraternidade, o aniversário do frei Fernando. Foi já a meio do curso, no dia 25, e como a fraternidade só estaria toda junta à hora do jantar, foi precisamente nessa hora que se comemorou a festa.
Como responsável maior da missão capuchinha em Timor, superior da fraternidade, mestre de pós-noviços e nosso “pai” de família, o frei Fernando teve uma festa em grande. O bolo foi comprado, o jantar fomos todos que preparamos. Como convidados tivemos a fraternidade de Laleia, que compareceu toda, os missionários leigos, que na altura era só a Joana, e 3 catequistas que estavam a dormir na nossa casa para poderem participar no curso.
Fui eu o protocolo. Foi um enorme desafio, primeiro porque eles são muito organizados nestas coisas de aniversários, tal como já vos relatei nos aniversários anteriores, e segundo, porque os discursos foram em tétum e eu no final de cada discurso tinha que dar um resumo do que foi dito… mas lá me safei, até porque os discursos não variaram muito, todos elogiaram a entrega incansável do frei Fernando à missão, à comunidade de Tibar e à fraternidade. Um frade que não nega ajudar o próximo e que não sabe perder tempo, está sempre a trabalhar. Um exemplo para mim e para a fraternidade de Tibar que tem o prazer de o ter como nosso superior. Como não podia deixar de ser a festa teve brinde. Fui eu o organizador e voz de comando. O brinde foi assim: Todos com o copo de champagne cheio na mão direita já previamente levantada e comecei eu as ordens, devagar para que os timorenses pudessem perceber a brincadeira. As vozes de comando eram:
Vai a cima:
Vai a baixo:
Vai ao centro:
Tchim tchim:
Dá a volta:
Vai à esquerda e vai à direita:
Cheirar:
Vai à barriga – Levar o copo à barriga, mas da parte de foratrás das costas
Esconder– Esconder o copo atrás das costas
Saborear – molhar os lábios
Mete para dentro:
E lá comecei a dar as ordens de vagar: “vai a cima, vai a baixo, vai ao centro………….” E voltei a repetir, mas já mais rápido “vai a cima, vai a baixo, vai ao centro………….” E depois de ter confirmado que todos percebiam recomecei , mas mais acelerado “vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esqueda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e cheira…………………………………….” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esqueda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e esconde atrás das costas……………………………………………..” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esqueda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e saboreia………………….” Foi aí que olhei para os catequistas e: “hein, hein, hein, koko deit, koko deit, la’os atu hemu hotu….” (trad: Espera, espera, espera, é só para saborear, não é para beber tudo já…)… e cansado de usar a mão direita troquei para a esquerda e recomecei “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e cheira…………………………………….” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e esconde atrás das costas……………………………………………..” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e saboreia………………….” E desta vez todos só saborearam… e como um brinde não se faz com a mão esquerda (regra minha) voltei a trocar as mão e recomecei: “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e cheira…………………………………….” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e esconde atrás das costas……………………………………………..” “Vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai à esquerda, vai a baixo, vai a cima, vai à direita, vai ao centro, dá a volta, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro, vai a barriga, vai a cima, vai a baixo, vai a cima, vai a baixo, vai ao centro e vai para dentro………………….” E finalmente bebemos o champagne, ao fim de meia hora de brincadeira, sem álcool devido aos abanões que sofreu e com pessoas já a torcer as pernas para não se mijarem, incluindo eu (desculpem o termo, mas é para perceberem melhor a situação)… no final a fraternidade de Laleia regressou a casa e nós ficamos a lavar os pratos, que remédio… :D
Não me alongo mais neste post. Só vos tenho a dizer que quase todas as semanas conheço gente nova em Timor e sempre com projectos interessantes. Só para terem uma ideia, só hoje comecei a desenvolver dois projectos que se forem para a frente vão ser fantásticos. Um é a criação dum canto de leitura, onde os participantes lerão um texto sobre questões sociais e trocarão ideias com os outros participantes. A ideia é fazê-lo no instituto onde estudo. O outro será uma cooperação entre o meu instituto e a faculdade de filosofia da Universidade Nacional de Timor-leste para criar ou seminários de filosofia ou jornadas de filosofia. A ideia ainda só foi falada por telemóvel, mas para já está a ter boa recepção. Rezem comigo para que dê certo, seria fantástico e muito proveitoso.
Paz e bem amiguinhos! Estaremos juntos na oração e no coração!