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Missão em Timor

Durante 3 anos estarei a fazer uma missão em Timor, pela Ordem dos frades menores capuchinhos, e neste blog tenciono contar todas as minhas aventuras e a percepção que vou tendo dos acontecimentos, tudo de uma forma peculiar que só eu sei viver :D



Quarta-feira, 24.10.12

Aaaaiiiiiii!!! Rápido, chamem uma ambulância... tanto sangue...

Aconteceu uma coisa estranha. Eram por volta das 23h (hora de Timor) quando começo a ouvir uns cânticos. Na altura não liguei, pensei que fosse o frade do quarto ao lado a ouvir música, ou a tv que estivesse ligada ou até mesmo o grupo coral a ensaiar na Igreja, mas não. Ao almoço o padre Fernando, missionário português, perguntou-me se tinha ouvido os cânticos. Eu disse que sim, mas que não sabia a sua origem, como que a dizer “a música não vinha do meu quarto”… E foi aí que ele me explicou tudo. Em Timor, quando as pessoas morrem, durante a noite do velório os familiares cantam uma espécie de desafio e desgarrada contando a história de vida do defunto. Os cânticos duram enquanto houver bebida, quanto mais bebida mais cânticos, ou seja, vou escrever uma tese comprovando cientificamente que a bebida elucida a mente… {#emotions_dlg.beer} Os velórios e funerais aqui são estranhos. Primeiro as pessoas não parecem sofrer muito com a perda de um familiar, tendo as suas excepções, claro, já me contaram histórias de pessoas que ficaram desesperadas com a perda de familiares. Durante o velório ora riem ora choram e durante a missa estão tranquilos e assistem à missa como se fosse uma missa dominical comum, se choram é mais por cortesia. No único funeral que assisti não vi ninguém a chorar e até durante a missa vi crianças a correr e a brincar de forma muito natural. Daí eu ficar curioso e informar-me melhor. Eles têm mesmo uma forma diferente de viver estes momentos. Até cheguei a ver gente a tirar fotos enquanto o Padre fazia as últimas exéquias ao caixão…

Nestes dias tivemos uma visita agradável. Um colaborador missionário da Ordem de S. João de Deus hospitaleiro. Ele está cá há cerca de 3 anos a fazer um trabalho excepcional com os doentes de deficiência mental. Neste momento passou por cá para visitar umas aldeias desta zona, fazer um levantamento do número de doentes existentes, estamos a falar de cerca de 10% da população, por distrito, e ensinar as enfermeiras dos centros de saúde como deve preencher a ficha, para que haja um registo dos pacientes e da evolução da doença. É um excelente trabalho que ele faz cá. Infelizmente nesta área ainda só são os missionários que trabalham, os timorenses não se querem aventurar. Uma questão de crendices culturais…

Avançando para algo mais particular do meu dia-a-dia… Eu não percebo os indonésios, como é que eles conseguem aguentar comidas tão picantes? Credo, ontem à noite só o arroz e que não tinha piripiri… e depois ando sempre com a boca arder… Eles comem piripiri como eu como marmelada, eles barram piripiri no pão do pequeno-almoço… ok, agora foi um exagero, mas já os vi a colocar piripiri na fruta… como é que eles aguentam? São os meus heróis… {#emotions_dlg.bunny}

Hoje, quarta-feira, voltei a dar outra de MasterChef, ou melhor, DesapareceDaCozinhaChef… fui um desastre total, nem sei como conseguimos comer aquilo, acho que foi mesmo por termos fome… tava tudo a correr bem até ao momento em que achei que faltava molho de tomate e carne no feijão e trunfas… cortei o dedo… mal a lâmina da faca atravessa a carne do meu dedo larguei um F****, era sangue a escorrer pelo dedo, meti-o à boca, o sangue sempre a pingar, pensei que teria de ir ao Centro de Saúde levar pontos… e de repente só ouvia “Vai pôr álcool na ferida”, passei-me “Como? Álcool? Tamos a falar de um corte que me vai fazer levar cerca de dois pontos, não vou meter álcool nesta enorme ferida, isso arde bastante… Comecei a desesperar e a pensar como ia desinfectar este enorme corte que quase me deixava sem dedo, até que vi a bendita água oxigenada… desinfectei a ferida, coloquei um penso e voltei para a cozinha como um herói como se nada tivesse acontecido. Já agora, ninguém tem um ben-u-ron para me tirar estas dores? {#emotions_dlg.matrix}

Conclusão: Tenho o dedo com um enorme penso e ao dependuro, já nem consigo comer direito, o arroz virou papa e o feijão fiquei sem grande sabor… Tá dito, não volto a cozinhar. Quando tiver fome apanho o avião para Singapura e vou comer ao MacDonald’s que sabe sempre melhor {#emotions_dlg.happy}

Paz e bem amiguinhos! Estaremos juntos na oração e no coração {#emotions_dlg.heart}

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por missao em timor às 07:36


4 comentários

De Paulia a 25.10.2012 às 12:20

Oh meu menino, continua a praticar na cozinha que eu quero uma refeição personalizada quando cá voltares! Vá vá, não te deixes intimidar =D Muah!

De missao em timor a 25.10.2012 às 12:42

Tens a certeza que queres mesmo uma refeição confeccionada por mim? Bem que poupas na polpa de tomate e na carne... :D

De Paula a 25.10.2012 às 12:56

Sim tenho! Mas eu comprometo-me a ajudar na parte da confesso :) Dispenso esse tipo de ingredientes :P

De missao em timor a 25.10.2012 às 14:23

Então fica combinado. Quando voltar a Portugal iremos ter uma refeição juntos... :D

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