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Durante 3 anos estarei a fazer uma missão em Timor, pela Ordem dos frades menores capuchinhos, e neste blog tenciono contar todas as minhas aventuras e a percepção que vou tendo dos acontecimentos, tudo de uma forma peculiar que só eu sei viver :D
A minha mãe ligou-me para o telemóvel e disse-me: “Filhinho querido muito amado da mamã (os meus irmãos podem desmentir, por ciúmes, mas ela disse-me mesmo isto) não dá para falarmos pela internet?” “Dá, podemos usar o skype e, como ambos temos webcams, até nos conseguimos ver um ao outro, mas vocês têm de se pôr on-line, senão não consigo fazer a chamada”. E a minha família pôs-se toda em fila indiana… (on-line = em linha).
Passemos a coisas mais sérias. Continuando a minha aventura, depois do aniversário do frei Isidóros não houve mais nenhuma actividade extraordinário, apesar do mês de Maio ter sido um mês bem preenchido. As actividades foram muito idênticas com procissões em honra de Nossa Senhora todas as segundas, quartas e sextas fazendo a imagem circular todos os bairros. Celebrava-se a missa no bairro onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora e seguia-se a procissão para o bairro seguinte onde a população local, depois de receber Nossa Senhora com toda a pompa e circunstância, nos oferecia um lanche/convívio. Destaco apenas o dia 13 de Maio, que sendo o dia comemorativo da 1ª aparição de Nossa Senhora em Fátima, contou com a representação da Irmã Lúcia, Jacinta e Francisco por três criancinhas vestidas a rigor.
Chegamos assim ao mês de Junho, um mês especial para mim. Este mês começou logo com um retiro, o que me começou a atrapalhar um pouco. Fazia anos dia 2 (28 aninhos) e não iria poder estar em casa para poder falar com a minha família pelo Skype (eles já sabem o que é estar on-line), a única solução seria o telemóvel. Chegados ao local do retiro, em Maubara, na casa das Irmãs Carmelitas, comecei a ver cada vez mais patente o pesadelo de um aniversário sem comunicação com a família, NÃO HAVIA REDE no telemóvel naquele local. Sem telemóvel e sem internet a comunicação seria impossível, a única solução seria esperar que o retiro acabasse e ligar eu para a minha mãe, coisa que não queria, porque as chamadas são caras… Desligado de todas as comunicações aproveitei o retiro não só para aprender mais sobre o Catecismo da Igreja Católica, mas também para perceber como o poderia aplicar melhor na minha vida. Nos intervalos do retiro não se falava de outra coisa senão no meu aniversário e como o iriamos comemorar assim que chegássemos a casa. Para surpresa minha, no dia 2 de manhã (Domingo), as irmãs prepararam-me um bolo muito gostoso para me cantarem os parabéns. Mas o melhor ainda estaria para vir, assim que terminamos o retiro fomos logo embora, sem perder tempo (e eu já aliviado, porque sabia que assim que chegasse à estrada principal iria ter rede no tlm) mas, 5min depois de chegarmos à estrada, o frei Isidóros parou o carro e desligou-o. Pensei que se tivesse esquecido de alguma coisa. Perguntei-lhe o que se passava e ele respondeu-me “Não é hoje o teu aniversário?” “Sim”, respondo eu, “Não é teu desejo dares um mergulho nos mares timorenses?” “sim” e tirando as calças disse “então vamos todos à praia dar um mergulho…” Não hesitei, mesmo sem calções de banho (fui com os de ganga que estava a usar no momento) fui a correr para a praia dar um mergulho, mas comecei a arrepender-me assim que comecei a entrar na água. Não que ela estivesse fria, pelo contrário, nunca tinha entrado em água tão quente, mas é que no fundo do mar não havia areia, como em Portugal, só rochas e precisei andar muito para que a água me chegasse à cintura para poder mergulhar em segurança (culpa também dos meus 3metros de altura, claro)… Foi a melhor prenda de anos que me podiam ter dado. Dou mais valor aos gestos que às prendas em si (apesar de também valorizar as prendas, claro) e este gesto foi muito significativo para mim, porque neste dia, apesar de estarmos todos cheios de vontade de regressar a casa, o frei Isidóros fez questão de realizar o meu desejo pessoal… Desde este dia que, sempre que saímos em fraternidade, é para uma praia que vamos.
Tive que desligar e voltar a ligar o telemóvel para voltar a ter rede (estúpido telemóvel) e foi quando recebi a minha primeira (e única) mensagem de parabéns. Era a Sister Rose a desejar-me felicidades e a dizer que, apesar de eu não ter estado presente na missa, o frei Fernando fez questão de mencionar que hoje era o meu aniversário e toda a comunidade rezou por mim (graças a isso andei duas semanas a receber os parabéns ). Aos meus amigos no fb, apesar de ter prometido que ia responder a todos, ao fim de 2meses a tentar desisti (eram mais de 300 mensagens)… a net é muito lenta e muito cara também… vocês compreendem. Entretanto consegui falar com a minha família, não me lembro é dos pormenores da chamada, mas lembro-me que me cantaram os parabéns. Mas de uma coisa me lembro, o meu irmão não me ligou, mas não fiquei triste, porque sei que não fez de propósito, ele é distraído por natureza
À noite, durante o jantar, a fraternidade celebrou o meu aniversário com direito a convidado(a) especial, a irmã São, das irmãs concepcionistas ao serviço dos pobres que apareceu por lá de tarde para combinar a ida a Liquiçá para uma vigília de oração e adoração ao Santíssimo Sacramento e ficou para jantar. A festa decorreu segundo o protocolo timorense, com direito a discurso e brinde. É muito bom e especial poder celebrar o nosso aniversário em família. Obrigado a todos os que se lembraram de mim, mesmo que não me tenham dado os parabéns, como o meu irmão
Estou de férias da faculdade, o que significa que terei um pouco mais de tempo para escrever o blog e colocar as histórias em dia. Espero que consiga
Paz e bem amiguinhos! Estaremos juntos na oração e no coração.