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Missão em Timor

Durante 3 anos estarei a fazer uma missão em Timor, pela Ordem dos frades menores capuchinhos, e neste blog tenciono contar todas as minhas aventuras e a percepção que vou tendo dos acontecimentos, tudo de uma forma peculiar que só eu sei viver :D



Quarta-feira, 13.02.13

Mais um para se juntar à festa...

Ola amiguinhos! No último post falei-vos da forma como certas pessoas vivem aqui (felizmente não todas e felizmente que existe uma evolução para melhorar o estado de vida da população, por mais lento que possa ser). Hoje vou falar-vos das condições de estudo das crianças por cá. As propinas (pelo menos a primária) são baratas, 1$ por mês no ensino público e 5$ por mês no ensino privado, mas esta é a única benesse que os estudantes têm. Para quem mora longe de uma escola (e não são poucos) têm de pagar também o transporte público, ou seja, cerca de 0.50$ por viagem, num total de 1$ por dia que multiplicado por 24 dias (+/- um mês de aulas) perfaz um total de 25$ só por mês, para quem estuda no ensino público, e 29$ por mês para quem estuda numa privada. No público, com propinas tão baixas não há como pagar uma cantina, logo, ou as crianças levam comida de casa, ou compram fora, ou simplesmente ficam o dia todo sem comer, sendo que esta última costuma ser a mais comum… Em relação ao privado já desconheço o funcionamento interno. Se as instalações do privado são aceitáveis, já no público varia de escola para escola. O caso mais dramático que assisti foi uma escola sem teto, as paredes todas esburacadas, e com enormes buracos, e sem cadeiras para as crianças e o professor se sentarem (sentavam-se directamente na gravilha). A única coisa que a sala tinha era um quadro preto e giz… Escusado será dizer que nos dias de chuva não há aulas nessa escola e em tantas outras espalhadas pelo país. Mas apesar de todas estas dificuldades, as crianças vão alegres para a escola, com vontade de aprender e assimilam a matéria com muita inteligência, uns verdadeiros heróis… {#emotions_dlg.happy}

Continuando com a minha história, desde o dia em que o frei Isidoros chegou até à 2ª semana de aulas que o nosso tempo tem sido passado a cortar a relva da grande quinta que temos e, está claro, do nosso grande campo de futebol relvado… Ah pois é, temos um estádio de futebol dentro de nossa casa, com relvado bem aparado (aparentemente) e comparável com os melhores relvados da europa, ou não… {#emotions_dlg.happy} Uma coisa é certa, neste estádio, quando há jogos, as bancadas nunca estão vazias… não temos bancadas… {#emotions_dlg.tongue} Todas as sextas-feiras jogamos futebol com as crianças que vão aparecendo por cá.

 

 A última semana de Janeiro foi passada na expectativa da chegada do Padre Provincial, o frei António Martins, e do meu companheiro timorense de Pós-Noviciado, no Porto, o frei Agostinho dos remédios (finalmente uma farmácia por cá). Todos estávamos expectantes com a vinda deles. Começamos os preparativos, com reuniões para ler o comunicado oficial da sua visita e para estudarmos como os haveríamos de instalar na casa durante a sua estadia. A reunião também serviu para preparar o dia do consagrado que se realizaria no dia 2 de Fevereiro, dia também previsto para a chegada do Provincial.

No dia 1 de Fevereiro começaram as actividades para celebrar o dia do consagrado, celebrado sempre no dia 2 de Fevereiro, dia que a Igreja celebra a apresentação do Menino Jesus ao Templo, uma tradição judaica que a Igreja também celebra por fazer parte da vida pública de Jesus (cf Lc 2,22-24). No dia 1, ao final da tarde, foi organizado, para todos os religiosos da diocese de Dili, uma vigília de oração com a exposição do Santíssimo Sacramento. Uma Igreja grande e cheia de gente, cerca de 800 frades e freiras presentes. A celebração iniciou-se com todos os religiosos no átrio da Igreja, com uma vela na mão acendida a partir do Círio Pascal. Com a vela acesa fomos entrando na igreja que, à porta, tinha uns jarros de água para lavarmos as mãos enquanto se cantava “Senhor quem entrará no santuário para te louvar”. Já lá dentro e ainda com as velas acesas rezamos alguns salmos e cânticos terminando a celebração com a adoração ao Santíssimo Sacramento. No dia seguinte foi o dia da grande enchente. Acorreram religiosos de todas as dioceses para ouvir as palavras santas do bispo D. Basílio Nascimento que nos falou, durante cerca de uma hora, sobre último sínodo dos Bispos. Não vou mencionar nada do que ele falou, porque foi em tétum, excepto aquela parte em que ele disse “agora vou falar em português” aí eu virei a cabeça na direcção e diz o Bispo virado para mim “Ah! Agora já estou a captar outras atenções”… Pudera, a conferência, para mim, foi quase “bla bla bla sínodo dos bispos, bla bla bla Bento XVI bla bla bla”. Ainda ia entendendo algumas palavras em tétum e uma frase ou outra, mas ainda assim… {#emotions_dlg.happy} Depois do encontro tivemos uma pequena pausa para um lanchezinho que deu para subir a minha autoestima (se é que já não está no topo) quando um frade veio ter comigo e me disse “Estão ali umas noviças a dizer que és demasiado giro para ser frade” e muito subtilmente respondo “Ainda bem que a Igreja tem gente gira, pode ser que ajude o Espírito Santo a trazer mais pessoas à missa” {#emotions_dlg.happy} Ainda durante este convívio reencontrei uma portuguesa que tinha conhecido na embaixada portuguesa quando fui lá tratar da renovação do meu visto. Uma prova que Deus actua em qualquer momento e usa todos os meios foi o desta minha amiga, veio a Timor fazer voluntariado com as irmãs dominicanas e agora é postulante, ou seja, gostou tanto da experiência e o contacto com as irmãs que decidiu entregar e consagrar a sua vida a Deus.

Depois deste pequeno convívio participamos na celebração da eucaristia, onde os superiores de todas as congregações foram chamados ao altar para assumirem o compromisso de reacender o carisma da sua ordem nos seus irmãos. O encontro terminou com uma grande almoçarada e alguns espetáculos produzidos pelos frades e freiras de alguns institutos. Ainda eu ia a meio do meu saboroso almoço quando me interromperam, porque já estava na hora de ir buscar o Provincial e o frei Agostinho. Chegados ao aeroporto pus-me logo à espreita para ver quando apareciam (para mim não é difícil, porque normalmente os timorenses dão-me pelos ombros). Ao fim de 30min de espera (que podia ter usado para acabar o almoço) consegui ver o Provincial, mas nada de Agostinho… Entrei para o ajudar com as malas e, vindo do nada, ouço um “Tinaaaaas”, viro-me para ver quem era e vejo, nada mais nada menos que, um gajo magro, de chapéu na cabeça e a mancar… era o Agostinho. Parece que tinha ido à faca uma semana antes de viajar, por causa de um problema no joelho… Voltamos todos para casa a fim de instalar a nova comitiva nos seus respectivos quartos e começou o blá blá habitual “Como foi a viajem? Como vai o Porto? Como está a minha família? Alguma novidade?”. Ao falar da viajem veio a parte caricata, como o frei Agostinho estava manco pediram, nos aeroportos onde passou, uma cadeira de rodas para ele se poder deslocar com maior facilidade. Como o rapaz é muito solidário aproveitava a onda da oferta e dizia sempre “Já agora uma também aqui para o meu amigo (O Padre Provincial frei António Martins) que também tem um problema na perna… e, segundo ele, lá andavam os dois de cadeira de rodas a ver quem andava mais depressa… {#emotions_dlg.happy} É bom ter por cá o frei Agostinho, é alguém que já conheço e que me vai ajudar ainda mais na integração neste maravilhoso país.

 

Bom amiguinhos, por hoje fico por aqui, no próximo há mais.

 

Paz e bem amiguinhos! Estaremos juntos na oração e no coração {#emotions_dlg.heart}

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por missao em timor às 23:47


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